Relação entre o transporte rodoviário de carga e PIB pode chegar a 29%, segundo cálculos da FGV

 “O transporte rodoviário de carga é considerado essencial e não foi interrompido com as medidas de isolamento social. Aliás, o pouco que a economia tem desempenhado e deve continuar desempenhando neste trimestre passa pelas estradas do país", pondera Juliana Trece, do FGV IBRE



O peso do transporte rodoviário de carga é estimado em torno de 1,4 ponto percentual (p.p.) do PIB, considerando análise das contas nacionais entre 2010 e 2017. Mas o impacto do setor na economia pode ser em torno de 29%, porque esse modal permite que haja interligação entre mercados produtores e consumidores, fazendo com que a economia flua. Nesse contexto, em que boa parte das atividades do país está paralisada, a economia brasileira tem passado pelas estradas, que se tornaram ainda mais fundamentais nesse momento para garantir o abastecimento da população e o acesso aos bens essenciais. Devido à complexidade de mensuração, esse impacto pode ser ainda mais elevado porque este modal está presente no processo produtivo de praticamente todas as atividades econômicas.



Para compreender melhor a relevância do setor nesse período, a economista Juliana Trece, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE), verificou a participação no PIB do valor adicionado das atividades mais impactadas pelo transporte terrestre de carga. Das 68 atividades que compõem a economia, 37 foram analisadas por aparentarem ser mais relevantes, seja na fase inicial do transporte dos insumos para serem transformados ou na fase final, em que a produção é escoada para o mercado consumidor.



“O transporte rodoviário de carga é considerado essencial e não foi interrompido com as medidas de isolamento social. Aliás, o pouco que a economia tem desempenhado, e deve continuar desempenhando neste trimestre, passa pelas estradas do país. Porém agora, dois anos após a greve dos caminhoneiros, torna-se ainda mais fundamental por atender todos os demais setores”, ponderou a especialista.



Em 2018, quando os caminhoneiros pararam entre maio e início de junho, por um período em torno de suas semanas, a mediana da expectativa de crescimento do PIB reduziu de 2,5% poucas semanas antes da greve, para 1,6% um mês após o evento, fechando em 1,1% em dezembro.



“A atual crise gerada pela Covid-19 difere das anteriormente vivenciadas no Brasil por ter origem fora do âmbito econômico (é uma crise de saúde), mas ter efeitos significativos na economia. Há ainda muita incerteza sobre o tamanho do impacto negativo do PIB para este ano. Como é esperada uma forte retração, muito provavelmente a atividade de transporte terrestre (carga + passageiros) também deve arrefecer, dada a alta correlação entre este setor com o PIB.”, finalizou.



Fonte: FGV


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