BNDES anuncia novas medidas de combate aos impactos da covid-19

Ações emergenciais anunciadas pelo banco totalizam R$ 4,3 bilhões



O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, anunciou na segunda-feira (8) um conjunto de ações emergenciais, no valor de R$ 4,3 bilhões, para combater impactos da pandemia de covid-19 no país. Entre as medidas, destaca-se a suspensão, até o fim de dezembro deste ano, do pagamento de juros em contratos de financiamento do BNDES com estados, municípios e o Distrito Federal.



Montezano anunciou também a aprovação de repasse emergencial de recursos para os 13 estados que têm contratos ativos com o banco: Acre, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O objetivo é que possam investir em ações de enfrentamento à pandemia e na redução do impacto das consequências econômicas. A medida permite também prorrogar os prazos das operações pelo mesmo período.



Pelos cálculos do BNDES, a suspensão temporária de pagamentos, conhecida como standstill, tem potencial de irrigar a economia com R$ 3,9 bilhões neste ano, uma vez que os recursos poderão permanecer nas contas dos estados e do Distrito Federal, além de 44 municípios. A suspensão temporária já tinha sido adotada pela instituição para empresas. Montezano destacou que o banco está preparado e organizado para processar o grande volume de operações e conseguirá gerenciaro processo, apesar da grande demanda que pode ocorrer nas próximas semanas.



Com os repasses emergenciais, os estados que têm contratos ativos com o BNDES poderão usar o saldo a desembolsar de operações vigentes para o combate à crise, com a condição de que isso não comprometa a conclusão de obras em andamento. De acordo com o BNDES, o potencial total da medida é de R$ 456 milhões, e os recursos liberados serão ajustados à capacidade de execução de investimentos de cada estado.



“Não serão alteradas as obrigações dos estados. O banco só vai liberar os recursos com mais flexibilidade e agilidade para que os estados possam se utilizar dos R$ 456 bilhões para atuar em obras, construções e infraestrutura, tão importantes na retomada da nossa economia”, disse Montezano. Segundo ele, essa ação de apoio a estados e municípios estava sendo preparada há algum tempo e só foi  possível agora, após a sanção presidencial do projeto de lei que trata do assunto.



Saúde



Outra iniciativa anunciada é a liberação de linha de crédito emergencial para empresas do setor de saúde, como hospitais e laboratórios privados com faturamento acima de R$ 300 milhões por ano, com a contrapartida de manutenção ou ampliação de empregos.



Montezano informou que a linha é de R$ 2 bilhões e segue todos os trâmites normais, com a etapa de apresentação de garantias, mas sem necessidade de definir algum tipo de investimento ou infraestrutura. A linha pode usar apenas para ampliar a liquidez das empresas: “tem como objetivo apoiar essas instituições que são protagonistas no combate ao momento em que vivemos”.



Acesso ao crédito



O BNDES também anunciou crédito novo para atender à necessidade de capital de giro de cadeias produtivas com foco nas pequenas e médias empresas. Montezano disse que o programa não vai alterar a relação direta da instituição financeira com o cliente, mas ressaltou que o BNDES atuará para reduzir os riscos do banco que faz o empréstimo às empresas. “Ele vai funcionar como um fundo de aval, em que parte do risco vai ser assumida pelo fundo. Então, a instituição financeira continua com uma parte substancial desse risco, mas como o fundo, ele, entre aspas, vai assegurar a garantia de parte desse empréstimo."



Montezano disse que o fundo tem até R$ 20 bilhões e será lançado em quatro parcelas de R$ 5 bilhões, com atuação prevista até o fim do ano.



Ele acrescentou que a liberação de crédito para pequenas e médias empresas é medida comum em diversos momentos da economia, mas precisa passar por uma mudança para atender melhor. “Quando se compara o patamar de juros que essas pequenas e médias empresas pagam no Brasil com o de outras empresas no mundo, é bem notório que a situação não é a ideal, no que a gente vive aqui.”



Montezano destacou que tais empresas recebem menos apoio do sistema financeiro durante a crise. “De fevereiro a abril, o crédito para grandes empresas cresceu quase R$ 100 bilhões, é um número muito substancial, diria até que impressionante, e mostra uma velocidade, uma agilidade e uma disponibilidade do sistema financeiro bem robusta para apoiar as grandes empresas. O crescimento é notório e adequado para combater a crise. No entanto, quando se observam pequenas e médias empresas, existe um crescimento, que não é desprezível, da ordem de 2%, mas ainda aquém do necessário e incomparável ao reservado às grandes empresas”, afirmou.



Cadeia Produtiva



No tocante à valorização da cadeia produtiva, o BNDES informou que atenderá às pequenas e médias empresas por meio de grandes empresas. “O BNDES empresta para uma grande empresa, e ela, com os recursos, repassa o empréstimo para pequenas e médias nas mesmas condições que recebeu do BNDES. É um produto muito parecido com o conceito como o banco faz hoje nas suas operações de repasse, em que empresta a instituições financeiras que repassam a linha para pequenas e médias empresas. A única diferença é que o receptor é uma empresa da economia real”, explicou Montezano.



Ele disse que a previsão é de orçamento de até R$ 2 bilhões, que, se for bem-sucedida, pode ser expandida.



Montezano falou também sobre o Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro (PASS), que tem como foco o financiamento para garantir a estocagem de etanol. Para este programa, estarão à disposição pelo menos R$ 3 bilhões, sendo a metade pelo BNDES e a outra de bancos comerciais, diminuindo os riscos para quem vende e para quem compra o produto.



Segundo o BNDES, o setor de etanol emprega cerca de 1 milhão de trabalhadores e vem sofrendo forte queda de consumo decorrente da pandemia de covid-19. “Para cada R$ 1 que o banco operador fornece de crédito, o BNDES coloca mais R$ 1 dobrando o volume de crédito disponível na ponta”, disse Montezano.



Terceira etapa



As medidas anunciadas nesta segunda-feira representam o terceiro conjunto de ações do banco para reduzir os impactos da pandemia nas atividades econômicas. De acordo com Montezano, com as medidas anteriores, o BNDES mobilizou, direta ou indiretamente, R$ 102 bilhões em diferentes ações e instrumentos para públicos distintos.



“Hoje é um complemento, um novo passo. É uma jornada em terras novas e ambientes desconhecidos, e a gente vai colocando medidas, aprendendo com ações e reações, e à medida que sentimos necessidade e ouvimos a reação da população, dos empresários e dos governos locais, vem com novas ações”, disse Montezano, durante apresentação virtual. Ele afirmou que a terceira etapa não será a última. “Ela não se exaure, ela não é a última e, naturalmente, complementa o que já foi feito até o momento.”



Fonte: Agência Brasil 


Cadastre-se para receber nossa Newsletter

@
Estou ciente de que os dados fornecidos são exclusivamente para cadastro mencionado no formulário, para contato ou envio de newsletter. Após finalização, os dados serão armazenados pelo Sindetrap de forma segura, apenas com a finalidade de manter histórico de atividades realizadas e sem hipótese de transmissão a terceiros, conforme Lei Nº 13.709 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)